segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Adeus jornal de papel! Será?


Fritz Utzeri e Milton Coelho da Graça, dois craques do jornalismo, ambos com grande familiaridade com o dia-a-dia das redações, com larga experiência como correspondentes internacionais, conversam sobre o futuro da mídia de papel diante da revolução digital e suas inúmeras conseqüências.

O jornal de papel estará condenado? Será que estamos assistindo ao fim da gráfica?

Qual será a cara do jornal nos próximos 10 anos? E visualmente?

Enquanto aqui ainda discutimos se o jornalista deve ter diploma ou não, as novas tecnologias estão transformando todos os consumidores de conteúdo e informação em geradores. Como a profissão vai evoluir?

Quais serão as transformações que vêm aí? Estarão os instrumentos de comunicação que hoje conhecemos com os dias (anos) contados?

É cada vez maior o número de jornais norte-americanos que estão abandonando o papel e se transformando em jornais eletrônicos, que “circulam” exclusivamente na internet. Temos a impressão de estar assistindo à morte do jornal como o conhecemos. É difícil dizer, muitos profetizaram o fim do rádio com o advento da TV e jamais se ouviu tanto rádio como hoje, a partir do momento que este adquiriu portabilidade e mobilidade.

Será impresso em que tipo de papel? Será um papel eletrônico, que na verdade será uma fina lamina maleável e resiliente (isto é, com uma “memória” que o fará retornar a seu estado anterior, mesmo se for amassado ou dobrado), portátil e tão ou mais leve quanto um jornal. Talvez contará com recursos impossíveis para os atuais leitores dos diários de papel. Uma foto de um acidente, por exemplo, ou de um espetáculo, ao ser tocada ativará um link com som e movimento, mostrando exatamente como o fato se deu (inclusive com narração) ou lhe dará um trailer do espetáculo ou mesmo transmissão ao vivo (em tempo real).

O jornal de papel digital já chegou. Vários jornais europeus estão testando versões digitais enviadas através da internet (sem fio) e “impressos” em telas plásticas finas.

O jornal econômico belga De Tijd já distribuiu 200 telas plásticas a assinantes selecionados que recebem e lêem o jornal diariamente em suas casas. As telas portáteis, conhecidas como e-readers. O e-reader é feito de uma espécie de papel digital conhecido e-paper, uma fina lâmina dotada de milhões de cápsulas microscópicas contendo pigmentos claros e escuros. Ativadas por uma corrente elétrica essas cápsulas interagem “imprimindo” texto e fotos na folha do e-paper. A matriz atual é ainda em preto e branco, com 16 tonalidades de cinza.

E os livros? Serão eles atingidos pela revolução digital? O exemplo mais acabado é o Kindle, que custa 359 dólares e tem o tamanho aproximado de um livro de bolso. O Kindle 2 pode armazenar até 1.500 títulos, o que permite carregar uma biblioteca no bolso.

Quem prestar atenção notará uma crescente interatividade em vários veículos de comunicação, até mesmo no Jornal Nacional, com matérias sugeridas pelos espectadores, tais iniciativas tendem a crescer e não é impossível imaginar notícias transmitidas ao vivo por gente que está no centro dos acontecimentos sem qualquer vinculo com o jornalismo.

Fernando Zaider

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